A algum
tempo eu venho tendo vontade de escrever sobre ansiedade... Talvez para tentar
tirar de mim por um momento angústias que a ansiedade me traz, talvez para
tentar explicar que ansiedade vai muito além do que as pessoas pensam.
Ansiedade
não é querer que algo aconteça logo, não é estar aflita para um tal dia chegar,
ansiedade não é ter pressa. Ansiedade não é “frescura”, não é “drama”. A
ansiedade está longe de ser isso...
Ansiedade é
você às vezes não conseguir controlar seus próprios pensamentos, é você sentir
vontade de chorar sem nenhum motivo aparente ou por um motivo tão besta... E
você sabe que é besta, mas você simplesmente não consegue suportar. Porque você
é frágil... Ansiedade é fragilidade. É insegurança, é preocupação excessiva, é tudo em excesso, é medo, é nervosismo, é sensibilidade, é
instabilidade.
Ansiedade é
você esperar muito por uma mensagem, por exemplo, e às vezes se decepcionar com
uma resposta que você não esperava, com uma demora ou com um silêncio. E é você
criar teorias que expliquem esse silêncio, mas suas teorias são sempre
negativas. E você acredita nelas mesmo que você também tenha um lado que diz
que isso é absurdo. Ansiedade é esperar demais. Ansiedade é se entristecer com
seus próprios pensamentos mirabolantes e nada concretos.
Ansiedade
é, talvez, ter pequenos TOCs, que mesmo sendo pequenos, você sabe que estão ali
e que são reflexos de um psicológico conturbado. E pensar sobre isso também te
deixa conturbado, porque são ações imperceptíveis e chatas, que você gostaria
de dar uma basta, mas as manias não saem de você, e elas te perseguem, elas te
consomem...
Ansiedade é
você às vezes querer sair, ver amigos, se divertir, mas muitas vezes não conseguir.
É você se sentir incapaz de socializar, de encarar a realidade, é sentir que o
mundo é demais pra sua mente. É você não ter vontade de ver o dia, de se
comunicar com pessoas, é você acabar se fechando para o mundo sem querer. Mas
bem lá no fundo você quer o mundo inteirinho pra você. Ansiedade é ter medos
irracionais, é achar que sozinha você estará melhor e mais protegida, mas na
verdade você é o seu maior inimigo.
Ansiedade é
você sentir seu coração acelerar em situações de pressão ou até mesmo em
momentos aleatórios. É você sentir sua mão suando, tremendo, é te faltar ar nos
pulmões às vezes. É tudo isso de uma vez só. E aí você chora incontrolavelmente
como forma de descarregar essas sensações. É sentir dor muscular sem ter uma
explicação pra isso. É sentir um cansaço físico e mental que te levam a
preferir sua cama, te levam a procrastinação...
E você não
pode procrastinar, porque você tem uma vida. Você tem responsabilidades,
deveres, você tem um trabalho e um mundo que te cobra incansavelmente. Ansiedade
é, talvez, você saber disso e acabar se preocupando exacerbadamente, porque
você não consegue estar apta o tempo todo. Você não deixa de fazer coisas que
devem ser feitas, porque você é perfeccionista e tem medo de errar. Mas antes
você surta e se sente culpada por trocar responsabilidades por lazer. Ansiedade
é você ter vontade de largar tudo e fugir por aí sem rumo, sumir nas estradas.
Ansiedade é
ter dificuldade em lidar com relacionamentos, porque estamos sempre inclinados
a achar que as pessoas vão embora. E elas vão mesmo, mas quem é ansioso sofre muito
e a gente não gosta de sofrer. Ser deixado dói, ser esquecido dói, não ser
correspondido dói, o fim de um amor dói. A gente sempre sofre demais e muitas
vezes por pessoas que não merecem nossas lágrimas. Ansiedade é você morrer de
medo de relacionamentos, porque você sabe bem o estado que seu coração ficará
caso houver um fim. E nisso, a ansiedade te faz travar e parecer fria.
Ansiedade é a dificuldade em demonstrar sentimentos. Não por falta deles,
jamais. Mas por, puramente, medo.
Mas ao mesmo
tempo, é você sonhar com isso, é querer amar e ser amada, querer viver um amor
de cinema. É essa vontade de “ter alguém” para talvez fechar esse buraco que é
a solidão. É uma vontade louca de compartilhar todo amor que tenho em mim e me
jogar de cabeça. E ansiedade é ser ingênua ao ponto de criar histórias de amor alguns
dias antes de dormir... Histórias que nunca vão acontecer e a gente continua
alimentando expectativas.
Ansiedade é
ficar girando de um lado pro outro na cama sem achar posição, vendo a hora
passar e o sono não chegar. É passar madrugadas acordada, cansada e querendo
dormir, mas sua mente simplesmente não desliga. E aí amanhece, você precisa
levantar, mas sua vontade é de dormir para sempre, porque é sempre muito
difícil tomar coragem de enfrentar um novo dia.
Ansiedade é
você precisar de distrações o tempo inteiro, porque você sabe que se ficar
parada sua mente vai começar a se mexer e ela pode te levar a caminhos e
lugares que você não quer ir. A ansiedade te faz ter hobbies que servem de
escape... E sabe uma coisa que me deixa triste, às vezes?
Muita gente
me elogia por meus “dons” artísticos. Eu gosto de escrever, desenhar, cantar, tocar violão,
tirar fotos, fazer artesanatos, fazer arte. E são sim coisas que amo fazer do fundo
da minha alma e jamais viveria sem. Mas poucos sabem que essas são coisas que
aprendi a fazer buscando um socorro. Talvez a arte tenha sido o melhor remédio
para minha depressão, e ainda é a melhor distração para minha ansiedade. Sem arte eu não estaria aqui, e eu não seria eu.
Mas eu tô
cansada de elogios, sabe. Eu não quero ouvir que sou boa nisso ou naquilo... Essa sou
apenas eu, o eterno caos artístico, a pessoa perdida que precisa descontar a ansiedade de alguma forma. E todo mundo tem seus diferentes e infinitos
dons e nada disso me torna especial. Ao invés de elogios, eu queria um abraço,
um ombro amigo, eu queria compreensão... Queria que me enxergassem como sou,
e não pelo que eu faço. E queria que entendessem que isso é ansiedade.