Eu gostaria
de saber falar sobre o amor, mas o amor é amplo demais para ser descrito em
míseras palavras. O amor deve ser sentido e não descrito, porque às vezes não
há de existir definições exatas para certas palavras, e esta é uma dessas
palavras. Eu não queria que achasse ruim quando estivermos juntinhos em
silêncio, se questionando sobre o que estou pensando. Porque muitas vezes eu
não estarei mesmo pensando. Eu estarei te sentindo, apenas, e estarei tão
bem... Às vezes, o silêncio nos leva à percepção de outros sentidos.
E eu sei
que tudo aconteceu rápido demais. Talvez eu não deveria estar aqui numa sexta a
noite sentada em meu sofá, sentindo o vento entrar pela janela, olhando o céu, almejando
alcançar estrelas, pensando na vida, sentindo o cheiro do meu insenso queimando
e escrevendo esse texto sobre amor, ou sobre você. Porque tudo realmente
aconteceu rápido demais e eu posso estar sendo precipitada no que eu acho que
sinto ou no que de fato sinto, eu sei.
Eu sei que
isso tem muito mais chances de dar errado do que certo, porque há grandes
obstáculos entre a gente e a vida é tão incerta. Eu sei que nossas vidas são diferentes
e que convivemos juntos por muito pouco tempo... Eu sei que há a possibilidade
de eu não ser a única na sua vida, porque estamos tão longe, e nunca saberemos
de fato o que cada um está fazendo. E sei que eu não posso cobrar nada... Não
posso cobrar a lealdade e fidelidade que eu acabo tendo por amor, pois somos
diferentes. Eu sei que sou boba, eu sei que sou intensa, eu sei que talvez eu
não deveria ser assim, mas apenas sou assim. Eu sei que nunca saberemos quando
vamos nos ver de novo e que toda vez que nos despedirmos pode ser a última vez,
e isso me dá um aperto tão grande no coração. Eu sei que dói, o amor dói. Eu
sei que sempre tive medo do amor. Sei que sempre amei demais e também sei que,
na verdade, eu ainda não sei amar. E eu
sei que pode parecer estranho, mas apesar de todas essas certezas, eu também
sei que estou completamente apaixonada por você.
O amor é
uma coisa engraçada e talvez não haja como definí-lo por sua tamanha
contrariedade. Sempre pensei que amor é um sentimento construído com o tempo,
que vai se preenchendo aos poucos enquanto vamos vivendo e convivendo, aprendendo
e conhecendo. Mas aí a vida vem e dá um nó na gente... Ela embaralha todas as
possíveis certezas que temos e mostra que o amor pode surgir de qualquer
maneira. Ele pode surgir do inesperado, do acaso, em alguma esquina da vida,
num canto qualquer, numa mesa de bar, no meio de uma conversa perdida, e ele
pode nascer e crescer muito mais rápido do que eu imaginava.
Não que
agora eu acredite em amor à primeira vista, mas talvez eu desacredite um pouco
menos. Porque a única coisa que aconteceu entre a gente naquele pequeno
instante foi um olhar; um olhar que mudou minha vida do nada, um olhar que me
fez sentir algo diferente e que eu nem sei explicar, mas sei que senti. E como
senti... Na verdade, eu sempre sinto coisas. Podem me achar louca, eu não ligo,
mas eu sinto a energia das pessoas, dos ambientes... E a sua energia, meu bem...
Não tinha como ignorar. Imagine uma sensação de algo completamente desconhecido
e indefinido, e ao mesmo tempo tão familiar e intrigante. Aquela noite
embaralhou todas as minhas possíveis certezas e sentimentos camuflados.
É estranho
para mim também, pois eu sempre tive muitos medos. Eu tive amores errados,
excesso de sofrimentos desnecessários. Eu nunca fui boa nessa coisa de
demonstrar sentimentos, de fato, sempre tive esse bloqueio e nem sei direito o
porquê. Sei que são coisas demais... Só que talvez pela primeira vez na vida,
eu não esteja sentindo tanto medo. Eu só senti vontade. Eu quis me entregar, eu
quis ser eu mesma, essa garotinha doida cheia de sentimentos e emoções. Eu quis
viver isso intensamente sem me preocupar tanto, sem medo... Porque eu não tinha
nada a perder. E ainda estou a querer isso e estou aproveitando o quanto posso,
porque nunca sabemos o dia de amanhã. Principalmente quando temos mais de 700km
nos separando.
Talvez eu
só tenha medo de sofrer, porque tenho a mania de sofrer. Mas por outro lado, acho
que já passei por tanta coisa que me abalou que fui ficando mais forte, mais
destemida. Sofrer todo mundo sofre, porque a vida é assim... Mas eu não posso
mais ter medo de me apaixonar e de ser quem eu sou, entende? Não terei medo de
me jogar de cabeça nisso que estou sentindo e no que estamos vivendo, porque
quero viver isso, quero me permitir sentir esse amor louco, porque o amor é
lindo! E porque todo mundo precisa de amor...
Eu estou
vivendo um dia de cada vez e dando tempo ao tempo. É claro que minha imaginação
de menininha ingênua e apaixonada acaba criando expectativas, sonhando demais
acordada com um final feliz; eu sempre fui assim e talvez seja um grande erro.
Mas é isso, um dia de cada vez... Talvez eu não precise me limitar a finais,
felizes ou tristes, porque estamos num movimento constante. Inclusive, sou
incapaz de dar um final a este texto, porque é uma história que ainda estou
vivendo. Então o finalizo sem um fim pra que tudo continue como deve continuar,
com simples e breves 3 pontinhos...
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