29 de mai. de 2018

Uma tentativa de texto sobre amor - ou sobre você...




Eu gostaria de saber falar sobre o amor, mas o amor é amplo demais para ser descrito em míseras palavras. O amor deve ser sentido e não descrito, porque às vezes não há de existir definições exatas para certas palavras, e esta é uma dessas palavras. Eu não queria que achasse ruim quando estivermos juntinhos em silêncio, se questionando sobre o que estou pensando. Porque muitas vezes eu não estarei mesmo pensando. Eu estarei te sentindo, apenas, e estarei tão bem... Às vezes, o silêncio nos leva à percepção de outros sentidos.

E eu sei que tudo aconteceu rápido demais. Talvez eu não deveria estar aqui numa sexta a noite sentada em meu sofá, sentindo o vento entrar pela janela, olhando o céu, almejando alcançar estrelas, pensando na vida, sentindo o cheiro do meu insenso queimando e escrevendo esse texto sobre amor, ou sobre você. Porque tudo realmente aconteceu rápido demais e eu posso estar sendo precipitada no que eu acho que sinto ou no que de fato sinto, eu sei.

Eu sei que isso tem muito mais chances de dar errado do que certo, porque há grandes obstáculos entre a gente e a vida é tão incerta. Eu sei que nossas vidas são diferentes e que convivemos juntos por muito pouco tempo... Eu sei que há a possibilidade de eu não ser a única na sua vida, porque estamos tão longe, e nunca saberemos de fato o que cada um está fazendo. E sei que eu não posso cobrar nada... Não posso cobrar a lealdade e fidelidade que eu acabo tendo por amor, pois somos diferentes. Eu sei que sou boba, eu sei que sou intensa, eu sei que talvez eu não deveria ser assim, mas apenas sou assim. Eu sei que nunca saberemos quando vamos nos ver de novo e que toda vez que nos despedirmos pode ser a última vez, e isso me dá um aperto tão grande no coração. Eu sei que dói, o amor dói. Eu sei que sempre tive medo do amor. Sei que sempre amei demais e também sei que, na verdade,  eu ainda não sei amar. E eu sei que pode parecer estranho, mas apesar de todas essas certezas, eu também sei que estou completamente apaixonada por você.

O amor é uma coisa engraçada e talvez não haja como definí-lo por sua tamanha contrariedade. Sempre pensei que amor é um sentimento construído com o tempo, que vai se preenchendo aos poucos enquanto vamos vivendo e convivendo, aprendendo e conhecendo. Mas aí a vida vem e dá um nó na gente... Ela embaralha todas as possíveis certezas que temos e mostra que o amor pode surgir de qualquer maneira. Ele pode surgir do inesperado, do acaso, em alguma esquina da vida, num canto qualquer, numa mesa de bar, no meio de uma conversa perdida, e ele pode nascer e crescer muito mais rápido do que eu imaginava.

Não que agora eu acredite em amor à primeira vista, mas talvez eu desacredite um pouco menos. Porque a única coisa que aconteceu entre a gente naquele pequeno instante foi um olhar; um olhar que mudou minha vida do nada, um olhar que me fez sentir algo diferente e que eu nem sei explicar, mas sei que senti. E como senti... Na verdade, eu sempre sinto coisas. Podem me achar louca, eu não ligo, mas eu sinto a energia das pessoas, dos ambientes... E a sua energia, meu bem... Não tinha como ignorar. Imagine uma sensação de algo completamente desconhecido e indefinido, e ao mesmo tempo tão familiar e intrigante. Aquela noite embaralhou todas as minhas possíveis certezas e sentimentos camuflados.

É estranho para mim também, pois eu sempre tive muitos medos. Eu tive amores errados, excesso de sofrimentos desnecessários. Eu nunca fui boa nessa coisa de demonstrar sentimentos, de fato, sempre tive esse bloqueio e nem sei direito o porquê. Sei que são coisas demais... Só que talvez pela primeira vez na vida, eu não esteja sentindo tanto medo. Eu só senti vontade. Eu quis me entregar, eu quis ser eu mesma, essa garotinha doida cheia de sentimentos e emoções. Eu quis viver isso intensamente sem me preocupar tanto, sem medo... Porque eu não tinha nada a perder. E ainda estou a querer isso e estou aproveitando o quanto posso, porque nunca sabemos o dia de amanhã. Principalmente quando temos mais de 700km nos separando.

Talvez eu só tenha medo de sofrer, porque tenho a mania de sofrer. Mas por outro lado, acho que já passei por tanta coisa que me abalou que fui ficando mais forte, mais destemida. Sofrer todo mundo sofre, porque a vida é assim... Mas eu não posso mais ter medo de me apaixonar e de ser quem eu sou, entende? Não terei medo de me jogar de cabeça nisso que estou sentindo e no que estamos vivendo, porque quero viver isso, quero me permitir sentir esse amor louco, porque o amor é lindo! E porque todo mundo precisa de amor...

Eu estou vivendo um dia de cada vez e dando tempo ao tempo. É claro que minha imaginação de menininha ingênua e apaixonada acaba criando expectativas, sonhando demais acordada com um final feliz; eu sempre fui assim e talvez seja um grande erro. Mas é isso, um dia de cada vez... Talvez eu não precise me limitar a finais, felizes ou tristes, porque estamos num movimento constante. Inclusive, sou incapaz de dar um final a este texto, porque é uma história que ainda estou vivendo. Então o finalizo sem um fim pra que tudo continue como deve continuar, com simples e breves 3 pontinhos...



25 de mai. de 2018

Tempo




Tempo. Compositor de destinos. Eu não sei bem se acredito em destino, mas também duvido da coincidência. Pessoas aparecem em nossas vidas tão de repente... Algumas permanecem para sempre, outras passam nos esbarrando e do nada já se foram, e outras passam um tempo do nosso lado, nos ensinando, aprendendo, convivendo, criando laços, nos proporcionando momentos inesquecíveis, e de repente se vão, deixando um rastro de saudade imensurável. Mas cada uma dessas pessoas planta um diferencial em nosso ser, cada uma traz um conhecimento, um objetivo, alguma forma de mudança. Às vezes, eu me pego pensando em tantas pessoas e então, sinto isso gritando em mim, eu sinto isso tudo forte demais. E por isso digo do fundo da minha alma que não acredito em coincidências.

Tempo. Talvez o tempo ainda me mate. De saudade, de vazio, de nostalgia, de solidão, de pausas e pressas, de lembrar de outros tempos em que gargalhei com a minha alma, em que senti meu coração palpitando de nervoso, felicidade, curiosidade, mistério. Sinto falta daquela inocência de arrancar as gramas do chão só para sentir o cheiro de natureza em meus dedos. Aquele cheirinho também me lembrava do cheiro da chuva, que eu e minha vó tanto adorávamos sentir sentadas naquelas cadeirinhas na varanda de casa, assistindo o céu lavar a terra.  Eu não sinto mais este cheiro em meus dedos... E não só cheiros, mas muita coisa. Eu não posso reviver o que já passou, não posso mudar ações passadas que hoje me arrependo, não posso apagar situações ruins do passado pra ser melhor hoje e no futuro, não posso assistir a um filme com cenas emocionantes sobre as coisas boas que já aconteceram na minha vida e que tanto sinto falta. Eu sinto tanto, eu sinto muito...

Ah, tempo... Você é estranho e louco por conseguir ser tão cruel e ao mesmo tempo tão bom. Você machuca, você dificulta tantas coisas, embaralha sentimentos, você passa devagar demais quando estamos tristes e rápido demais em momentos incríveis. Mas eu também sei o quanto você tem me ensinado nessa vida e o quanto você me faz crescer a cada dia que passa, e por isso lhe sou grata.  Você é capaz de nos trazer tantas diferentes e maravilhosas experiências que nos fazem ver a vida de outra forma... E então, unindo cada preciosa experiência podemos ver a vida em infinitos ângulos. Não apenas 360, porque vida vai além e porque o tempo nunca acaba.

Dizem que o tempo é relativo. Talvez existam tempos demais ao mesmo tempo, tempos diferentes em universos diferentes e realidades paralelas que se conectam. Acho que eu gosto muito de falar sobre o tempo, porque o tempo traz muita reflexão à tona, boas e ruins. Mas talvez eu nem saiba falar sobre o tempo de fato, porque de tempos em tempos eu penso que o tempo não existe. Ás vezes sinto que o tempo é uma construção humana pra nos fixar e nos encaixar melhor no mundo, e então, percebo que enquanto falo sobre o tempo, eu falo sobre o nada, falo sobre o vácuo.

Mas o vácuo é muito presente em nossas vidas a cada suspiro de solidão e angústia. O vácuo é muito mais concreto do que imaginamos... Eu acabo tendo pressas e almejo um futuro repleto de sorrisos e realizações de meus sonhos presentes, porque preciso me agarrar a certas esperanças pra conseguir ir em frente. Eu sei que sou cheia de contradições, ambiguidades e bipolaridades o tempo inteiro, perdão por isso. Mas acredito sim que tudo tem dois lados, e enquanto o tempo passa talvez eu nunca terei respostas, eu nunca saberei se o tempo existe ou não. Acho que vivo numa relação de amor e ódio com o tempo. Ao mesmo tempo que desacredito do tempo e o temo, eu acredito tanto... E o amo, o admiro, o desejo, vejo sua importância nesse mundo cheio de falta de tempo.

Tempo... Tu és um dos Deuses mais lindos, e oro por ti para que cada angústia que você me traz se transforme em felicidade um dia. Que tudo tenha um porquê, que tudo sirva como acúmulo de aprendizado. Que o vento frio dessa noite que estremesse meu ser e o despedaça em pequenos flocos de neve, volte... Que ele volte com mais força, mais quente e com mais intensidade que um furacão. E que esse tempo de ventanias impetuosas me faça mais forte e mais forte e mais forte a cada dia.

Eu sei que não tenho estado muito bem, e se tudo ficará bem um dia, eu não sei, eu não faço ideia de tanta coisa. Isso só o tempo irá dizer. Só ele me levará ao meu destino, se destino realmente existir. Um dia alguém me disse que nosso destino a gente é quem faz com base em nossas ações e escolhas de agora. Acredito... Mas não estou sozinha nesse mundo, nem tudo depende de mim. Eu jamais terei o poder de mudar o mundo só porque quero que ele seja diferente e porque quero construir bons destinos. Eu não tenho o poder do tempo... 

Às vezes, minhas loucuras tiram tudo que tenho e quebram tudo que sou como se eu fosse feita de vidro. Tristezas momentâneas me rasgam de dentro para fora e me jogam no meio de um deserto obscuro onde enlouqueço por não achar saídas. Às vezes eu me sinto tão pequena, tão vazia, tão perdida, tão insignificante nesse mundo... Eu sempre fui cheia de dúvidas e incertezas, e isso sempre me enlouqueceu. Eu continuo tropeçando e caindo, me ferindo talvez sem nenhum motivo aparente. Nem eu mesma sei explicar, eu não sei me definir... Num momento estou bem ou acho que estou bem, e em um segundo desse tempo louco tudo muda, eu mudo e minha cabeça acaba comigo. Eu sempre busquei ser forte, mas ninguém é forte sempre. A vida é feita de momentos, e momentos fazem o tempo ser real.

Meus pés podem estar cansados de correr por aí, meus joelhos ralados de tanto engatinhar nessas estradas da vida e minha cabeça parece doer cada vez mais numa enxaqueca sem fim enquanto o tempo passa. Mas eu pretendo continuar me levantando após cada queda,  lutando com todas as forças que ainda guardo no peito e construindo novos sonhos como forma de motivação, porque eu sempre fui feita de esperança. As coisas vão melhorar, vão mudar uma hora ou outra, porque mudanças são necessárias e fazem parte da evolução. 

Talvez demore um tempo. Sempre o tempo... Mas eu tenho fé, eu acredito, e talvez só assim eu consiga chegar no meu destino tendo feito meu tempo nessa vida valer a pena. E como quero fazer ele valer a pena... Porque uma hora a gente percebe que o tempo é muito curto, o tempo voa. Precisamos viver de verdade e parar de sobreviver... Eu preciso me agarrar às simplicidades que tanto me contagiam, porque grandes eventos podem vir de circunstâncias modestas. Eu preciso dar tempo ao tempo e me dar um tempo. Preciso de um tempo pra mim às vezes, mas também preciso de companhia, porque do que vale o tempo só? O mundo inteiro precisa de coisas demais. O mundo precisa de paz, de amor, de bondade, de tempo... Contribuições para tempos melhores.

E você? Você acredita no tempo? Você acha que está aproveitando seu tempo nesse mundo? Você está fazendo seu tempo valer a pena?