Às vezes, minha existência judia da minha
capacidade de raciocinar. Penso sem parar em trocentos mundos anti paralelos,
curvos, com voltas e voltas; e construo uma montanha russa imaginária. Mas ela
é tão complexa que embaralha meu raciocínio, me desespera, ataca meu coração, a
ansiedade e a adrenalina me dão um tapa na cara, eu me desprendo do cinto de
segurança e desabo em uma das curvas da minha montanha russa. Eu desabo no
precipício do meu próprio ser e ouço meu próprio grito estridente, mas não com
meus ouvidos. Ouço minha voz ecoando dentro da minha cabeça, e a consequência
escorre por meus olhos.
Eu tenho medo de pensamentos. E talvez este
seja um dos meus maiores medos da vida, pois pensamentos têm força e quando
eles se unem, tornam-se muito mais fortes que eu. Isso me cansa. Pensar demais
cansa, pensamentos cansam a minha existência relativa. Eles cansam tanto, eles me
mastigam e cospem em mim. Eles machucam, apertam meu coração, eles não tem dó
das minhas fraquezas. Eles sugam minhas energias, energias que eu busco tão
incansavelmente... E eu acabo despedaçando sem querer alguma hora.
Eu despedaço porque não sei agir e muitas das
vezes opto pela ação errônea. Eu despedaço porque às vezes tanto a direita
quanto a esquerda me levam à mesma parede onde bato de frente com minhas
dúvidas, anseios e inseguranças. Às vezes, eu me sinto em um labirinto,
correndo procurando a saída, enquanto o mundo me observa rindo, pois o
labirinto não tem uma saída e eu continuo me iludindo na esperança de sair dali
e encontrar um grande campo aberto de gramas verdinhas e um céu azul cheio de
nuvens em formato de coração.
Eu tenho pólos extremos e nunca sei andar ali por
aquele caminho do meio, onde tudo parece mais tranquilo e equilibrado. Ou eu sou
de mais ou eu sou de menos. Eu percorro ruas erradas, e as ruas são minhas
próprias pernas; confusas, perdidas, cansadas, cheias de rachaduras e
paralelepípedos quebrados, cheias de becos escuros e perigosos. E minhas ruas
são molhadas porque lá de cima a chuva cai com medo do impacto, com nostalgia,
ela cai com lembranças e vontade de mudanças. E meus olhos são as nuvens, de
onde chove, e chove tanto...
E o dia passa rápido aqui nessa cidade que sou
eu mesma, a existência se acelera e às vezes eu perco a noção do mundo, pois
tenho a estranha mania de viver no meu próprio mundo. Mas o tempo é relativo
demais para eu temer uma rapidez aparente ou ter pressas desnecessárias. Eu
penso sobre as velocidades do tempo e nos relógios da vida e tropeço nas minhas contradições... Porque também penso que minha família
tem pressas óbvias; pressa por liberdade, por felicidade, por paz, e
nesses momentos o tempo deixa de ser relativo para mim e torna-se concreto
demais para ignorá-lo. Eu quero ter calma e pensar que ainda tenho tempo demais
pela frente, que sou muito nova e que na verdade o tempo não existe! Mas nem
sempre pensarei assim. As dúvidas e as instabilidades me fazem sim ter pressa, porque
eu não consigo não temer o futuro.
E eu também penso no amor, nos diferentes lados do
amor... Penso que amor e felicidade andam juntos, porque falta de amor leva à
amargura. Penso que dependo de alguém para amar, ser amada e assim, ser feliz,
porque eu nunca aprendi a ser feliz sozinha. Eu sempre tive medo da solidão. Mas
ora, dias atrás eu também pensei que o amor próprio existe e precisamos dele em
primeiro lugar. E minha concepção de amor se torna mais uma de minhas eternas
contradições.
Dizem que temos que plantar o amor, mas eu
nunca precisei disso... Eu nunca plantei um amor, porque o amor sempre esteve
ativo em mim, o amor sempre esteve dentro da minha alma, eu sempre o senti, inclusive
eu sempre sinto demais; o amor sou eu mesma inteirinha. O amor foi plantado em
mim no dia que eu nasci e hoje sou uma árvore inteira que só quer ser
polinizada para espalhar amor ao mundo. Só que o amor dói, e dor de amor é a
dor que mais afeta o estado da felicidade. Ironias da existência...
Penso que talvez o amor seja um portal. Aquele
único ponto onde o físico e o espiritual se conectam já que ele afeta os dois
lados. E se é no amor que o mundo físico e o mundo espiritual se conectam,
talvez o amor seja a resposta para a comprovação da existência de outros planos,
e isso poderia ser a salvação de muitas vidas se todos fôssemos amor. E isso é
bonito de se pensar, pois acabo caindo naquele outro pensamento que também já
pensei sobre Deus ser amor, e também sobre Deus ser tudo, todas as energias, as
energias de cada ser, o que faz o mundo ser o mundo. Mas não existe amor em
tudo, existem muitas guerras pelo mundo – o que vai completamente contra o
conceito de amor - e nem todo amor é correspondido. Portanto, ou Deus não é
amor ou Deus não é tudo ou Deus não existe, pois eu prefiro pensar que o amor
existe.
Só que o amor é difícil, é complicado e por
muitas vezes não depende só de mim. Porque o amor deve ser compartilhado! Eu
não posso amar sozinha... Às vezes penso que eu não dou certo no amor por conta
de quem eu sou, por conta daquela minha existência relativa que me faz ser
perdida e me faz agir erroneamente. E aí eu preciso ser forte e resistente para
suportar tanto pensamento aleatório, porque o pensamento realmente machuca e o
amor também. Mas a força tem de ser estável, e eu sou inteiramente fluida e
frágil. Tenho uma "r existência fluida", praguejada e sempre relativa. Tenho a montanha russa em mim.
Eu vivo nas instabilidades e isso me dá medo,
porque instabilidade traz mudanças repentinas e surpresas que nem sempre surgem
a favor dos meus desejos e anseios. Em um pequeno instante do universo mundos
podem mudar, pensamentos podem mudar, tudo pode mudar e então, eu viro solidão. Eu viro uma poeira imperceptível que flutua no meio do nada, sozinha e pensativa, procurando
por um pouco de amor em algum coração, sonhando com o impossível e almejando
ver o mundo inteiro espalhando por aí que o amor não é banal.
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